Se tem saudades do Inverno, passe o Verão em Sintra, dizia-se antigamente , para ilustrar o clima cinicamente atlântico que por estas bandas sempre fez fica pé de se manifestar, e que por isso para muito aristocrata novecentista fazia dela um local suficientemente civilizado para veranear.
O clima de Sintra é, a bem dizer, “europeu”, comparado com o norte de África que é Lisboa, na pena avisada do Eça, desaconselhando pois aventuras estivais próprias dos Algarves e outros lugares de classe média baixa. Creio mesmo que o clima ajudou à conquista do título de património da Humanidade. Sim, porque o delicious Eden tem tudo a ver com o tempo, que apesar de mau para os ossos é europeu e discreto, fora dos exageros que só veleidades terceiro-mundistas podem apreciar.
Talvez por isso o Outono chega sempre antes a Sintra(a Sintra que começa no Ramalhão, entenda-se) com o seu ténue perfume e sensação de fim de algo que não se sabe bem o quê mas que em pessoas mais asténicas propicia depressão e nostalgia. É por isso que Sintra é bom para os escritores. Nenhuma obra prima da literatura foi escrita a esturricar ao sol, acreditem.
É nos fins de tarde que Sintra mostra como é diferente de outros lugares, e os seus musgos e araucárias rejubilam por mais um Outono ansiado.