Em tempos de vacas magras, a Cultura volta a ser o parente pobre do OGE. Unindo serviços à pressa, cortando a eito, nas actividades criativas,que não na burocracia, a Cultura em Portugal vai ao fundo como o novo submarino, tudo a reboque de duas agências de rating e meia dúzia de cinzentos burocratas em Bruxelas que são quem efectivamente gere o rectângulo. E depois fala-se no reforço dos centros nacionais de decisão…
Também a nível local é este o momento em que se prepara o orçamento para o próximo ano, e na cultura o quadro da intermitência e precariedade dos agentes culturais vai perpetuar-se, o que é já endémico. Tempo para reforçar a sugestão de que os quadros de tomada de decisões passem pela implementação dum Orçamento Participativo ,onde as verbas da Cultura e protecção do património sejam contratualizadas com os parceiros culturais aprofundando a democracia na tomada das decisões. Mas como estamos agrilhoados pelas tais agências big brother, tal procedimento é luxo a que não nos podemos dar, aliás pouco faltará para o acto de ler ou ir ao teatro pagar imposto ou as festas populares serem proibidas por falta de licença de ruído. Para enquadrar esse Orçamento participativo ,curial seria um Conselho Consultivo Cultural que se pronunciasse sobre os instrumentos estruturantes da política cultural local e apreciasse os investimentos nessa área ,como seria normal numa democracia adulta de cidadãos, e não de vassalos.Mais ligação com as associações , a sociedade civil e o tecido empresarial, envolvendo tal Conselho em contratos programa, cooperação internacional e mecenato, apoiados num Plano de Cultura e Conhecimento publicamente discutido e sufragado.Mas, infelizmente, também quem um dia disse I have a dream morreu logo de seguida...
É a triste condição de fazer parte do grupo dos PIGS,os feios porcos e maus desta Europa sem rumo, nas mãos de um chauvinista francês pinga-amor e uma governanta alemã mais perita em apfelstrüddel que em visão estratégica, querendo agora erguer um novo muro de Berlim separando os cumpridores obedientes dos despesistas rebeldes.