Dia 1 de Janeiro, comidas as passas, bebido o champanhe(nada abaixo deMoet et Chandon, faz favor, se vamos entrar em ano de crise ao menos que seja com elegância…)depois dos abraços e beijos, quando a ressaca passar será manhã e já lá estaremos. Não vai doer nada vão ver, tirando o IVA do croissant e da primeira bica de Janeiro, (mas são só mais 2%, não sejam chatos) há que preparar o ano com normas para chegar sãos e talvez salvos a 2012.
Para tanto algumas dicas: a começar por deixar de ler todos os jornais que tenham a palavra crise na primeira página, a única crise admitida é a de 1385 mas aí eram umas agências de rating castelhanas que nos queriam fazer a folha e demos a volta graças a uma padeira que nem tinha sido vistoriada pela ASAE nem nada. Também convém deixar de ver todos os programas do Prós e Contras que convidam aqueles ex-ministros das finanças que contribuíram para o estado a que isto chegou e falam sempre em cortes para os outros e nunca para as suas pensões douradas sem fazer nada (aliás, em países a sério muitos já tinham sido condenados por gestão danosa e estavam a partir pedra no Alentejo ao sol). Convém também deixar no lar de onde nunca devia ter saído o Dr.Medina Carreira, o velho do Restelo do regime, com um olho para cada lado arrisca-se a ser acusado de falta de visão.
Alem do mais comprem sempre produtos nacionais e biológicos se possível voltem aos mercados e feirinhas e deixem as grandes superfícies para os viciados em McDonalds e nas nouguettes do KFK, se tiverem um pouco de terra façam uma horta biológica a ver se os vossos filhos finalmente descobrem como é uma batata sem ser frita ou um frango sem ser já no prato e assado. Reciclem o lixo e comprem por unidades e não por paletes, usem mais transportes públicos, contribuem para diminuir os CFC para a atmosfera e até podem socializar mais com os vossos vizinhos e tomar o pulso ao que sentem as pessoas sem ser a praguejar na fila do IC 19 porque a “bicha” não anda.
Sempre que lhe oferecerem promoções no banco ou nos telemóveis desconfie e aconselhe-se primeiro, há muitos gatos para poucas lebres, e faça o que faziam os seus avós: compre um porquinho mealheiro e ponha pelo menos 1 euro de parte todos os dias, é menos uma bica ou um cigarro e reaviva algo que se perdeu há muito tempo: a poupança.Fuja dos cartões de crédito e traga na carteira apenas o dinheiro necessário para as despesas previstas,e sempre em notas pequenas(também muitas vezes não haverá assim tantas “grandes”…)
Se o seu clube perdeu um jogo não culpe o árbitro, se calhar é porque merecia mesmo perder, e em vez de praticar desporto de zapping entre os canais desportivos na TV Cabo faça passeios a pé e vida de ar livre. Recomenda-se que não veja programas de comentário político mais que 15m por semana, para manter a sanidade mental, e não exagere nas doses da Casa dos Segredos ou do Preço Certo se além de teso não quer ser considerado boçal. Leia autores portugueses e deixe de lado os Dan Brown e Paulo Coelho, oiça música portuguesa boa e esqueça todos os artistas que enchem a Praça da Alegria só para bater palminhas.
Confira as facturas e os códigos de barra nos supermercados, se batem certo com os preços afixados, e faça voluntariado junto de quem mais precisa em vez de engordar as operadoras com as chamadas de valor acrescentado. Reclame sempre que não lhe expliquem os seus direitos e seja exigente com o cumprimento dos prazos, somos uma sociedade de cidadãos e não de vassalos. A Administração está para servir e não para se servir. Reclame quando o seu autocarro vier atrasado e não lhe derem sequer uma satisfação, exija obras de conservação nas estradas oneradas por portagens ilegítimas (e em todas), reúna mais com os seus amigos em vez de passar horas no Facebook. E sobretudo, seja optimista, só você tem na mão a chave para dar a volta às coisas.