por F. Morais Gomes

26
Set 10

Passam este ano 200 anos do nascimento de Alexandre Herculano, facto que vai ser recordado no Palácio Valenças, em Sintra, no dia 29 pelas 18h, através duma palestra de João Rodil, a qual desde já recomendamos. Em 1858,Alexandre Herculano foi eleito deputado por Sintra,o círculo 26,naquele tempo, e logo de seguida renunciou, tendo dirigido uma carta aos seus eleitores, justificando a recusa, assente no facto de que nenhum círculo eleitoral deve escolher para seu representante indivíduo que lhe não pertença, e que por larga experiência não tenha conhecido as suas necessidades e misérias, os seus recursos e esperanças; e acentuou, a dado passo”É honroso merecer a confiança dos nossos concidadãos, mas é mais honroso viver e morrer honrado.
Não haverá no meio de vós um proprietário, um lavrador, um advogado, um comerciante, qualquer indivíduo, que, ligado convosco por interesses e padecimentos comuns, tenha pensado na solução das questões sociais, administrativas e económicas que vos importam; um homem de cuja probidade e bom juízo o trato de muitos anos vos tenha certificado? Há, sem dúvida. Porque, pois, não haveis de escolhê-lo para vosso mandatário? (…)
Aconselho-vos, como acabais de ver, uma coisa para a qual os estadistas de profissão olham com supremo desprezo, a eleição de campanário, só a eleição de campanário, a eleição de campanário, permiti-me a expressão, até à ferocidade.
Sábias palavras, e premonitórias dum tempo em que os "pára-quedistas" na política voltaram e em força. O exemplo de Herculano, não frutificou infelizmente, e, se é verdade que muitas vezes não é o mero facto de se ter nascido num lugar que faz de quem o governa alguém mais competente ou diligente, (pode invocar-se a falta de distanciamento e permeabilidade a conhecidos e compadres) também é verdade que a ligação a uma comunidade de valores, tradições e comportamentos ajuda mais quem governa e quem é governado, ou representado, a sentir-se parte do Nós e não Nós face aos Outros. Ocasião para sugerir que na escolha de autarcas e representantes, no futuro, se reforce a presença dos que em Sintra nasceram ou desde sempre a adoptaram por residência, local de trabalho ou integração.

publicado por Fernando Morais Gomes às 08:21

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